Verdades absolutas são burras por desconsiderar a realidade factual,por exemplo: se alguém disser “todos os cisnes são brancos”, está desconsiderando que pode haver cisnes negros ou azuis por aí, que ninguém viu ainda.
Até 1938 acreditava-se que todas as subespécies de celacanto estivessemextintas, até pescarem um vivo no litoral da África.
Então, a afirmação correta seria “não se conhece cisnes que não sejambrancos”.
Finalmente chegando à classe política, a afirmação “todos os políticos sãocorruptos” por si só é uma falácia, porque pressupõe que a pessoa que afirma conhece em detalhes a idoneidade de todo e cada político no mundo – ou no Brasil, caso reduzamos o escopo ao que nos interessa.
Até aqui falamos do porque afirmações absolutas são falaciosas. Elas são também burras porque, ao aceitar uma verdade absoluta, a tendência do ser humano é desconsiderar qualquer evidência de que aquela verdade esteja errada.
Esse é um mecanismo psicológico de proteção, mas muito ruim, pois sabota acognição e embota a visão.
Em outras palavras, quando a pessoa aceita verdades absolutas como princípios– tipo “todo político é corrupto” – ela está limitando sua capacidade de perceber a realidade, se tornando escrava dessas verdades. Literalmente emburrecendo.
— Então por que quem acredita que todo político é corrupto se acha maisinteligente e age como se fosse? Com propriedade?
Resposta:
Com a percepção de realidade reduzida, a pessoa também perde a capacidade deperceber o quanto não sabe, tendo assim a ilusão de ser mais inteligente do que realmente é – e certamente a ilusão de ser mais inteligente do que quem explora a realidade livremente, sem as amarras das verdades absolutas.
O escravo de verdades absolutas sente-se amparado por essas verdades – mesmo que elas sejam falsas –, dando-lhe o conforto de saber tudo. A certeza é o pior inimigo do conhecimento.
Assim essa pessoa irá descartar toda informação que defenda a idoneidade dequalquer político, enquanto aceitará como verdade qualquer difamação da imagem de qualquer político.
Por isso sugiro que o leitor fuja das verdades absolutas e avalie ospolíticos caso a caso; não confie no que é informado pelo político ou sobre ele, assim como não confiaria em informações sobre um estranho. Seja cético, abra espaço à dúvida.