Recentemente respondi a um quiz que me reconheceu como punk. Isso me fez refletir sobre minha relação com o movimento.
Para poder começar a falar de minha relação com o Punk, é preciso antes fazer algumas considerações sobre o movimento.
Punk é um movimento artístico-político-cultural nascido na Inglaterra no final na década de ’70. Surgiu como um movimento contra o Status Quo, contrário à tradição. Caracteríza-se primordialmente pela busca do DIY. É essencialmente anti-autoritário, imediatista, anti-consumista e contrário a toda forma de conformidade.
Artisticamente, o Punk propõe o foco não na arte, mas no aprendizado autodidata como fim em si. Isso significa que a arte punk não admite técnica ou especialização.
A triste consequência desse posicionalmento é que necessariamente todo artista punk está condenado ao fracasso – conforme ele vai se aprimorando, ou deixa de ser punk, ou deixa de ser artista, ou troca de área. Assim a arte punk depende sempre de novos artistas para sobreviver.
O grupo de música punk mais expressivo e que mais marcou o movimento foram os Sex Pistols, cujo slogan era I hate Pink floyd, que expressava sua aversão ao sofisticado, à técnica.
Fiéis ao movimento, os Sex Pistols se dissolveram assim que começaram a atingir alguma maturidade musical – caso contrário não poderiam continuar sendo “punk”.
Minha relação com o movimento Punk é bem complexa, até mesmo complicada. Faço música progressiva, tenho formação musical desde a infância, mas ainda assim gosto de música punk e me identifico com o movimento.
Isso soa contraditório? E é.
Não posso ser um músico punk, minha bagagem técnica me invalida. No entanto adiciono elementos punk em minha música sempre que posso.
Isso não significa copiar a sonoridade de bandas punk. “Elementos punk” significa usar os princípios do movimento: DIY e autodidatismo.
Estou sempre tentando utilizar recursos e elementos musicais novos, que não domino, e aprendo no processo de arranjo e produção. Você poderá ouvir isso em nosso novo projeto, O Nimbo. São nove músicas (até agora cinco prontas, duas quase e duas no esqueleto) progressivas, com um toque altamente experimental, que pretendemos lançar ainda este ano.
O projeto é progressivo, tudo o que o musicista punk mais abomina(va), porém altamente experimental, que reflete a influência punk minha e de outros membros do grupo.
Os integrantes somos eu, Adriene de Souza, Clara la Marca, Leonel Domingos, Victor Baptista e Walter Cruz. Você encontra nossas atribuições no N1M.
Devemos agradecimento ao David Lino da Caravela Escalate por sua excelente participação especial no arranjo e execução do contrabaixo na música Cabalistique. Talvez tenhamos outra participação especial, mas ainda não confirmada.
Espero que você goste! 😉