A transfobia está relacionada a uma variação da misogina de modo pouco óbvio, porém muito poderoso.
A transfobia surge da sensação que o “macho-α” sente de ter sido ou de poder ter sido enganado ao ver uma mulher que, segundo sua visão estreita de mundo, na verdade é um homem, ou ainda de ver uma “mulher” que foge a seu direito de macho ao “fingir-se” de homem.
Perceba que o macho-α se sentiu atraído em um caso por uma pessoa por quem ele julga não poder sentir-se dessa forma por ter nascido do mesmo sexo que ele próprio, daí o sentimento de enganação, de traição. Ele não vê a mulher transgênero como mulher.
Isso acontece porque ele, “Homem”, se vê com direito sobre todas as mulheres (talvez não as que já possuem dono, ou sua mãe e sua irmã), considerando-as coisas, objeto para sua satisfação.
Essa forma perversa de encarar as diferenças entre sexos é mais do que simples paternalismo, mas extrapala em direção ao ódio às mulheres, que, segundo ele, nem merecem a condição de “seres humanos”.
O nome disso é misoginia.
Algo similar se dá na relação com o homem transgênero: o macho-α se vê subtraído de seu pretenso direito de macho de abusar física e/ou psicologicamente da mulher inferior quando ela se passa por homem.
Aqui temos a misoginia ainda mais violenta manifestando-se como transfobia.
No fim das contas tudo se reduzir ao machismo em sua forma mais odienta: o machinho que se sente superior por ter um falo entre as pernas e por isso no direito social de abusar daquele(a)s que considera inferior; traído por outro que renegou seu pênis ou pela “coisa” que ousou se passar por seu semelhante.